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Mercado brasileiro de smartphones reage e cresce 9,7% em 2017, diz IDC

27 MAR 2018

Segundo estudo da consultoria, foram vendidos 47,7 milhões de aparelhos; destaque ficou para aparelhos intermediários e com sistema operacional Android
 

O mercado brasileiro de smartphones mostrou resultados positivos no ano passado depois de dois anos consecutivos de queda. Segundo estudo da consultoria IDC Brasil, 2017 proporcionou o segundo melhor desempenho da história no mercado brasileiro de smartphones, com 47,7 milhões de aparelhos vendidos, um crescimento de 9,7% em relação a 2016 e apenas 6,8 milhões a menos do que em 2014, até agora o melhor ano de vendas de smartphones no País. 

Já o mercado de features phones, com vendas de 3,1 milhões de aparelhos, registrou queda de 37% em relação a 2016. Os dados fazem parte do IDC Brazil Mobile Phone Tracker Q4.

“Mesmo sendo mais fácil crescer quando se vem de um período de declínio, como foram os anos de 2016 e 2015, não se pode desprezar o desempenho do mercado de smartphones no ano passado, principalmente no primeiro semestre, que cresceu acima do projetado”, diz Leonardo Munin, analista de pesquisa do mercado de celulares da IDC para América Latina.  “A liberação de saques das contas inativas do FGTS injetou dinheiro e ânimo ao consumidor, que vinha protelando a troca do aparelho e, com esse recurso extra na conta, foi às compras”, avalia Munin.

Preços competitivos 

Outro fator que impactou positivamente nas vendas foi a luta pelo market share travada pelas grandes marcas. “Nunca tivemos cortes tão agressivos de preços”, afirma Munin, lembrando que um aparelho lançado por R$1.100, por exemplo, após o primeiro mês passou a R$999, no segundo baixou para R$899 e na Black Friday pode ser adquirido por R$700. 

“Essa guerra de preços acabou provocando um posicionamento de preços de todos os demais players e consolidando o mercado”, afirma o analista da IDC Brasil. 

Segundo a IDC, em 2016, os quatro maiores fabricantes detinham 76% do mercado. Em 2017, os mesmos quatro passaram a ter 85%, pois com preços mais baixos conquistaram também o consumidor de outras marcas. “Esta consolidação é global, mas no Brasil acontece em ritmo mais acelerado, já que aqui a questão da marca é muito forte e, se a diferença de preço é pequena, o brasileiro opta pela grife”. 

A menor diferença de preço entre um smartphone e um feature phone explica também a queda nas vendas de celulares mais simples. Além disso, algumas marcas que ofereciam celulares deixaram de atuar no Brasil ou abriram mão de lançar dispositivos mais simples, estimulando o consumo do smartphone.

O mercado de celulares sem sistema operacional foi ainda menos atraente para as marcas globais, com apenas 0,6% de rentabilidade, de acordo com a IDC.  Apesar disso, a consultoria não prevê o fim dos celulares em um futuro próximo. “Ainda temos muitas áreas sem cobertura 3G ou 4G, por exemplo, e isso pode dar uma sobrevida a esse tipo de aparelho”, acredita Munin. 

Intermediários e Android lideram 

Vida longa também deve ter os smartphones entre R$700 e R$1.099, os chamados intermediários. Em 2017, eles reinaram absolutos, com 49% das vendas. Abaixo deles, com 22%, ficaram os aparelhos de entrada (até R$600), e os modelos high-end (de R$1.100 a R$ 1.999), com 20%. Os smartphones premium, de R$2.000 a R$2.999, fecharam 2017 com 3% do mercado e foram a categoria com a maior taxa de crescimento - 80% - em relação a 2016. Já os modelos super premium, que custam acima de R$3.000, ficaram com 5%, índice de vendas inédito na categoria e que, segundo o analista da IDC, mostra que o consumidor está investindo em aparelhos mais sofisticados.

O ano fechou sem surpresas também em termos de sistema operacional:  95,1% dos aparelhos vendidos tinham sistema operacional Android, e 4,9% iOS.  Para a IDC, essa média vem desde 2014 e deve ser mantida. 

O que esperar em 2018 

“Não há nada disruptivo no horizonte dos celulares. Talvez a chegada de alguma grande marca global ou a volta de algum outro player agite 2018, mas a tendência não é de fortes movimentos”, analisa Munin. “Modelos com câmera dupla frontal e traseira continuam fortes, aparelhos com tela infinita e de resolução 18X9 a preços mais acessíveis devem surgir, e o vidro nos dois lados do aparelho pode provocar alguma oscilação, mas nada que altere significativamente o mercado brasileiro. Ou seja, o Brasil deve continuar sendo o quarto país do mundo em volume de celulares. “Não há perspectiva de ser o terceiro, mas também estamos longe de ir para o quinto lugar”, diz o analista da IDC Brasil.